quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O Segredo da Sabedoria

    Eu não aguentava mais tanto silêncio. Já tinha acordado há tempos, e todo mundo em minha casa ainda dormia. Até meu pai que acordava cedo. Era assim todo dia, mas naquele dia estava demais. Já passava das cinco e meia da manhã e nada! O povo da minha aldeia acordava muito cedo. Todos levantavam ao ouvir o soar da trombeta ancestral. Tocada por um dos homens mais velhos da aldeia, o senhor Benedictus. Dizia a lenda que ele quando jovem, lutara na Primeira Grande Guerra e numa certa feita, sendo ele soldado de primeira classe, ficara responsável pela segurança de um cofre que continha muitos documentos sigilosos do nosso país que se caíssem nas mãos do inimigo, toda a nação estaria arruinada. Seus amigos queriam ir farrear aproveitando a trégua. Ele recusou ir festejar. O convescote seria numa taverna da aldeia vizinha. Ele lhes disse que eles podiam ir aproveitando a ausência dos superiores e ficar a noite inteira pois ele ficaria de guarda. Seus amigos foram farrear, confiando a segurança do cofre somente a ele, pois era um bom soldado; forte, valente e um sentinela que “nunca dormia”. Certa hora da madrugada o sono o venceu, e neste momento, exatamente neste momento, um espião que vigiava o acampamento de longe roubou o cofre. Ele e seus amigos foram punidos e expulsos da corporação. Desde então, dizia-se que ele não dormia e ficava atônito a esperar logo o dia começar a amanhecer para que as pessoas acordassem logo. De fato nunca o vi dormir. Ele andava sempre com a trombeta feita de chifre de carneiro que rezava uma outra lenda, tinha pertencido ao primeiro homem que tinha chegado ao lugar onde ficava nossa Aldeia.
    É bem verdade que tudo e todos em nossa Aldeia tinham uma lenda, ou uma história fantasiosa ou não, que explicava nossa maneira de existir individualmente e que nos ajudava a consolidar nossa coletividade. Contava-se o relato que este homem era um pastor de ovelhas que distanciando-se demais do seu local de pastoreio procurando uma ovelha desgarrada, não achou o caminho de volta. Ficou desolado e triste por um tempo pois se perdeu da sua comitiva. Diz a história que este homem, cuja procedência nunca foi sabida, conhecido apenas por “Cláreo”, avistou em cima da montanha, cuja nossa Aldeia fica no pé, a ovelha que estava procurando. Começou a subir a montanha atrás do pobre animal. Quando já estava um pouco no alto, avistou sua comitiva de longe. Naquele instante ele ficou dividido entre descer o que já tinha subido e ir atrás da sua comitiva deixando a ovelha perecer na montanha ou ir ao encontro do indefeso animal e o salvar. Pensando então, ele concluiu que seria mais justo salvar o animal, pois o mesmo não poderia sobreviver sozinho num ambiente tão hostil. Planejou logo após salvá-la, pernoitar ao pé da montanha e no outro dia iniciar sua jornada atrás da comitiva. Diz a história que quanto mais ele subia, mais a ovelha subia também, parecendo querer o levar ao cume do monte. Ele não desistiu, continuou a subir mesmo muito cansado e sem entender o propósito de tudo aquilo. Chegando ao cume do monte ele pegou a ovelha e quando estava prestes a começar a descida algo o chamou a atenção. Diz-se apenas que ele se virou para trás e ali naquele momento se tornou sábio. E edificou naquele lugar uma pequenina casa e selou dentro dela o segredo da sabedoria. Era uma velha “lorota” contada em nossa Aldeia. Eu escutava isso desde a meninice. Era o tipo de história que quando se começa a contar, quase se dorme pois todos já estão cansados de ouvir. Pra mim essa história era pura cannabice e a tal casinha, se existisse ou existiu, talvez fosse apenas um abrigozinho feito há muitos anos atrás por algum grupo de caçadores ou alpinistas que já não estava mais de pé por causa do vento ou sei lá! Mas, como disse há pouco, tudo em nossa Aldeia tinha uma explicação lógica, elucidada através destas histórias fantasiosas que apesar de banais, nos eram familiares. Esta mesma história se entrelaçava com outras e formava a grande teia de explicação das coisas da Aldeia da Luz.
    O motivo pelo qual todos acordavam cedo era o culto litúrgico de apreciação do nascer do sol. Era costume da nossa aldeia que todos acordassem para ver o sol nascer juntos. E esse costume era levado tão a sério que dizia-se que se toda a aldeia não estivesse junta olhando para o céu na hora que o sol começa a nascer, ele não sairia de trás das montanhas e nunca mais nasceria. Bom, eu sabia que o sol sempre nascia, independente se haviam pessoas olhando ou não, mas, nunca ousei contrariar os costumes e crenças da aldeia, pois estava inserido naquele contexto, eu era parte daquilo. Seria como negar a mim mesmo. E naquela manhã, eu (apesar de “ter” certeza que o sol nasceria) estava preocupado com minha família porque todos ainda dormiam e o azul marinho do céu estava ficando cada vez mais claro. Foi até que tive que recorrer a um recurso extremo. Concluí que meus pais ainda dormiam pois de alguma forma estranha não estavam ouvindo a trombeta ancestral do senhor Benedictus. Então, fui até ele interrompendo um de seus longos toques puxando um de seus braços, tirando a trombeta da sua boca provocando um momentâneo mau-humor nele que fez uma cara de irritação e espanto como quem dizia; “Nunca ninguém interrompeu um de meus toques na minha trombeta, como ousa fazer isso?”, mas a feição logo se transformou serena tal como era e me perguntou;

 - Posso ajudar Lucius?

- Sim Sr. Benedictus. Já passa das cinco e vinte da manhã e meus pais não acordam para ver o sol, penso que se talvez o senhor fosse em minha casa tocar a trombeta eles poderiam ouvir melhor.

    Essa era uma das práticas em nossos códigos de conduta. Nunca, a não ser em caso de emergência, uma pessoa poderia ser acordada por outra. Se não levantassem por conta própria, somente a trombeta ancestral poderia acordá-los. Mesmo em casos extremos em que precisássemos acordar alguém de seu sono, deveríamos mesmo assim, nos esforçarmos para chamar o Sr. Benedictus e ele prontamente viria pra acordar a pessoa (e mais a Aldeia inteira).
    Dizia-se pelos cantos da aldeia que o Sr. Benedictus era um guardião que ficava entre o reino da morte e da vida. E que por este motivo, era um homem feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por que nunca adormecia e estava “sempre” atento, mas triste, por que a fartura de disposição e pensamentos eram-lhe por vezes agonizantes. Diziam até que o Sr. Benedictus podia ressuscitar uma pessoa do sono da morte se quisesse, mas, isso era mais uma “lenda” (mas bem que eu já senti vontade de pedir a ele pra trazer de volta um gato malhado por nome de Coalhada. Gostava dele por que eu andava com ele pelas vielas da aldeia e as garotas vinham bajulá-lo e eu aproveitava, mas, eu não podia me prestar ao papel de doente e pedir a um cara que nunca dorme, que toca uma trombeta velha que acorda a Via Láctea inteira pra ressuscitar um gato meu que tinha morrido).
    O Sr. Benedictus sorriu pra mim e disse;

- Vamos lá então pequeno Lucius! Afinal, o que será de nós se o sol não nascer mais não é mesmo?

    Eu e ele fomos correndo, e enquanto isso, imagine uma música dançante medieval como trilha sonora. Então, chegamos à minha casa.
    O azul do final do amanhecer cada vez mais era mais claro, e o Sr. Benedictus entrou na sala de visitas da minha casa, fechou os olhos como de costume, ergueu para o alto o Shofar e soou longamente o instrumento. Depois do longo toque que o deixara sem fôlego (seus pulmões não aguentavam muito mais), eu e ele olhávamos para a porta do quarto dos meus pais e não se ouvia barulho de maçaneta, nem tampouco ruídos internos. O Sr. Benedictus de repente olhou pra mim com uma cara de morte, como se falasse: “Não quero te enganar não meu amigo, mas isso tá com cara de óbito.” Eu fiquei impaciente. Comecei a lacrimejar pois meus pais não se manifestavam.
    Num ato desesperado, peguei da mão do Sr. Benedictus a trombeta, levei a boca e tentei tocar como ele (não se importando com o cheiro de carniça da saliva velha). Não saiu muita coisa além de um som parecendo um bode com asma. Eu ajoelhei chorando, amparado pelo Sr. Benedictus que pegou pacientemente a trombeta ancestral no chão jogada por mim. Foi nesse momento que a porta se abriu abruptamente e meus pais saíram, enrolados no lençol, sem dar importância nenhuma pra nós, e correndo muito rapidamente, subiram no telhado de nossa casa nos chamando depois para subir também e meu pai disse:

- Venham logo! Se o sol não nascer mais por causa de vocês dois eu mato vocês e uso suas peles para me aquecer do frio eterno.

    Olhei para o Sr. Benedictus que sorria para mim e corremos para o telhado, de onde quase que automaticamente já avistamos os primeiros raios de sol.
     Depois do nascer do sol e da efêmera euforia da Aldeia da Luz, fui pra escola, triste, chateado, pois era um martírio pra mim ir estudar.
     Eu não entendia as matérias e todos caçoavam de mim. Eu sabia das minhas limitações, mas também não precisava ninguém achar que precisava me fazer plenamente consciente disso o tempo inteiro! As meninas da sala nem olhavam pra mim, “O Burro!”, que nunca decorara a tabuada e nunca aprendera a fazer contas de dividir com mais de 2 números;  o menino cujas tarefas vinham borradas até depois de velho, que lia como um dislexo míope. Emfim, se eu não fosse a escola meus pais esquentavam minha bunda e ainda por cima me faziam trabalhar em casa. Parece que a criança pode fazer tudo de ruim, ser egoísta, ser calculista, bullinador, fumar droga e matar animais indefesos, mas se estiver na escola, está tudo bem!
    Apesar de tudo isso, eu me sentia especial. Sabia que tinha um potencial diferente, e que de alguma forma, todos um dia ouviriam falar de mim pela minha proeminência. Não era difícil qualquer um (que não fosse da Aldeia da Luz) perceber que aquilo não era pra mim. Eu sabia que eu tinha potencial e que eu não precisava de cadernos, livros e notas pra ser inteligentemente genial.  

    A sala era grande, branca e tinha uma luz central super brilhante que nunca se apagava. Em cima do quadro negro pintado na própria parede, havia um quadro com o que acreditava-se ser o retrato do Primeiro Iluminado, o Mestre Cláreo. À primeira vista, aquele ambiente parecia ser bastante celestial mesmo, mas quem acompanhasse de perto as aulas e as condutas dos professores, funcionários e alunos da única escola da Aldeia da Luz, - construída em seu ponto mais elevado -  abandonava essa impressão e enojava-se com certeza. A verdadeira sabedoria era suprimida pela busca desenfreada por resultados e notas. Ah! Não aguento mais sentir náusea.
    Naquele dia, por volta das 09:35 da manhã, uma coisa me chamou a atenção na montanha. Olhei pra ela tentando momentaneamente desviar meu olhar e minha mente da horripilante, tediosa e chatíssima aula de álgebra e avistei uma coisa incomum; uma ovelha! A princípio não esbocei tanta admiração pois, vai saber como e porque uma ovelha apareceu no monte. Tentei voltar minha atenção para a aula, mas aquilo era inquietante demais. Ninguém criava ovelhas na Aldeia da Luz, sendo este animal, somente parte do imaginário mitológico da Aldeia. E sendo eu burro, de onde tirei essa palavra? O caro amigo leitor entenderá.
    Eu pensei por um momento em chamar a professora e atentar à classe aquele fato, mas a Senhorita Lucinda era tão rígida que se eu a chamasse pra falar algo que não fosse essencialmente matemático eu correria sérios riscos físicos e sociológicos. Então perguntei a Luzia, minha coleguinha dentuça e magrela – a única que me dava atenção, talvez porque também fosse desprovida de inteligência (mas nada comparado a mim) – se ela estava vendo a ovelhinha na montanha olhando pra nós. Ela olhou pra mim e de sua boca escorreu um fio fino de saliva que ela sugou de volta, olhou pra montanha, olhou pra mim de novo e disse:

- Você além de burro é doido?

    Eu fiquei perplexo no momento. Quis socar a cara dela, mas não o fiz porque tinha esperança dela futuramente ficar bonita e quem sabe pegar ela. Percebendo eu que ela não avistava a ovelha, nem com a ajuda do meu braço apontando, resolvi tentar me convencer de que estava vendo uma miragem. Mas foi ineficaz. A ovelhinha ficava me encarando. Andava pra lá e pra cá na montanha, comia uns capinzinhos e tornava a ficar me encarando.
     Aquilo estava começando a ficar agonizante, pois eu via os meus coleguinhas olharem para a montanha, direcionarem o olhar pro mesmo lugar em que a ovelhinha estava e nem sinal de que estavam vendo alguma coisa. Foi neste momento que eu pensei: “Não pode ser verdade! Será que só eu estou vendo a ovelha?” Me belisquei pra ver se estava sonhando, esfreguei os olhos com veemente força, logo depois deles se desturvarem, a ovelha estava lá a me encarar, ruminando e espantando moscas com a orelha. Parecia que ela estava me chamando, querendo me dizer alguma coisa.
    Cheguei a um momento decisivo. Depois daquilo minha mente não repousava mais dentro daquela sala (mesmo em dias normais isso não acontecia). Então, resolvi revolucionariamente sair no meio da aula e ir na montanha! Eu tinha que ir atrás da ovelha!
    As lendas sobre a história da Aldeia nesse momento vieram com um turbilhão. Lembrei de Cláreo, lembrei da casinha da montanha, lembrei do segredo da sabedoria... Lembrei também da chacota constante sobre o meu nível intelectual, de toda a hipocrisia da escola e de todos os meus companheiros aldeões. Decidi que iria atrás da ovelha, no intuito de obter honra ou pelo menos satisfação pessoal e paz interior já que a minha imagem seria sempre a de um boçal mesmo. Deixei pra trás uma sala inteira e uma professora carrancuda bradando ameaças de reprovação e maledicências. Cheguei até o portão da escola e lá estava o porteiro totalmente distraído e distante do portão propriamente dito. Quando vi aquela cena, sem mais demora esbocei uma escapada fenomenal e silenciosa. Quando dei o primeiro passo da corrida, eis que uma mão grossa segurou o meu braço.

- LUCIUS! ONDE VOCÊ PENSA QUE VAI?!

- Eu vou atrás da ovelha na montanha Dona Luciane!

    Dona Luciane era a diretora da escola, que percebendo o escândalo da professora de Álgebra quando eu saí da sala, veio ver do que se tratava.

- Ovelha? Na montanha?

-Sim! Olha ela lá, me encarando!

    Apontei na direção de onde a ovelha “estava”. Ela, não enxergando nada, ficou mais enraivecida ainda, pensando que eu estava de abuso.

- GAROTO! Pare de ficar de historinha! Não tem nenhuma ovelha naquela montanha e você vai voltar pra sala agora!

- Mas Dona Luciane, eu não quero voltar pra sala, eu quero ir atrás da ovelha!

- E você insiste nessa brincadeira jocosa de que tem uma ovelha na montanha... Vai já pra sala garoto!

- Mas...

- “Mas...” nada! Vai agora pra sala e pare de ficar inventando coisas só pra não assistir a aula de álgebra. Já não basta tirar frequentemente zero, ainda tem que ficar matando aula? Ah, faça-me o favor!

    Eu, olhei pra ovelha, ela continuava a me encarar e desta vez parecia mais inquieta. Mas, percebi que, não teria jeito. Teria que voltar praquele inferno quadrado didático. Abaixei a cabeça e esbocei os primeiros penosos passos de volta para a sala. Foi quando de repente, como num passe de mágica, apareceu por trás de nós o Sr. Benedictus. E disse:

- Vim em nome dos pais de Lucius solicitar sua liberação do restante das aulas de hoje.

    Luciane virou-se e olhou o mítico homem por cima dos óculos, pegou um papel que ele segurava na mão, autorizando ele a me pegar na escola mais cedo com a assinatura dos meus pais. Eu percebi que a assinatura era falsa, mas só eu poderia perceber porque o ponto que meu pai colocava no final do seu primeiro nome “Lucélio” era normalmente mais longe do “o” mas, outra pessoa não perceberia. Logo, vi que Benedictus havia, por alguma razão, falsificado ela para me tirar da escola. Mesmo que o Sr. Benedictus não tivesse me libertado pra me permitir fazer o que eu estava pensando, me livrar da escola era minha necessidade primária naquele momento. Se fosse outro seu propósito (que não o de me permitir ir atrás da ovelha na montanha), eu me livraria facilmente das mãos do Sr. Benedictus que já era velho logo assim que dobrássemos a primeira viela saindo da escola e correria em direção a montanha.
   Luciane olhou pra mim, olhou para o Sr. Benedictus que a fitava incisivamente e me disse:

- Lucius, pode ir. Se seus pais estão autorizando e o estimado Sr. Benedictus o veio buscar, não há problema algum.

    Eu pulei de alegria por dentro! Fui ao encontro do Sr. Benedictus que sorria para mim, segurei sua mão e virei as costas e saí junto com ele da escola. Fomos dando alguns passos para longe da escola, na direção oposta à montanha. Eu, olhava para trás, para ver a ovelha, e comecei a esboçar a escapada das mãos do Sr. Benedictus. Quando ele afrouxou um pouco os dedos e eu já ia sair correndo, ele me disse:

- Preciso lhe contar uma coisa a respeito do que está vendo na montanha.

    Eu olhei pra ele e percebi como num estalo, que ele também estava vendo a ovelha. Eu num descarrego de euforia disse:

- Poxa Sr. Benedictus! Como estou feliz ao saber que não sou o único que consegue ver a ovelha na montanha!

- Mas eu não estou vendo Lucius!

    Me frustrei momentaneamente.

- Diz a profecia Lucius, que um dia, “O Escolhido” avistará a ovelha na montanha, e somente ele a enxergará. E neste dia, ele seguirá a ovelha, que indicará o caminho para a casa da montanha. Chegando lá ele abrirá a porta da casa que somente ele saberá abrir e se tornará sábio, se tornará o Segundo Iluminado porque terá acesso ao segredo confinado lá por nosso patriarca, o Primeiro Iluminado, o grande mestre Cláreo. E O Escolhido libertará o mundo da ignorância, estabelecendo um novo tempo de sabedoria sobre a Terra.

    Eu fiquei estarrecido com aquela história! Não podia ser. Eu? “O Burro!”? Não podia ser. Fiquei a princípio desconfiado e perguntei ao Sr. Benedictus;

- Como eu nunca soube desta profecia? Como ela não está presente na Cartilha do Aldeão (era um livro que todos tinham que escrever a mão e depois encapá-lo para si próprio que continha todas as nossas lendas e histórias mitológicas) sendo um dos princípios da Aldeia da Luz, todo aldeão saber de cor todas as nossas lendas, histórias e mitologia?

- É simples Lucius. Essa profecia nunca poderia ser contada, pois todos a distorceriam, e possivelmente fariam muita chacota com a história, enganando os outros com falsas ovelhas de pano na montanha, e quem sabe comprando ovelhas de lugares distantes para colocar na montanha para profanar a profecia sagrada da Revelação do Segredo da Sabedoria. Por isso ela foi confidenciada somente a mim, Benedictus, pelo próprio Primeiro Iluminado, que me fez jurar por toda a luz que existe que não contaria essa profecia a ninguém, e mais ainda, que seria responsável por perceber e observar quando aconteceria o despertamento dO Escolhido e elucida-lo à respeito desse fato. Por este motivo, e só por este, eu nunca durmo! Eu tinha que estar atento e perceber o dia que alguém avistasse uma ovelha na montanha. E este dia chegou, eu reparei desde quando você começou a olhar para a montanha. Eu todos os dias observo os alunos da escola para ver se algum deles está avistando algo que os outros não vêem na montanha. O mestre Cláreo me disse que O Escolhido poderia sair de lá. Eu vi quando você mostrou à pequena Luzia algo na montanha e ela fez como que não estava vendo nada. Olhei para a montanha e não vi nada também, mas não pude deixar de perceber que você estava vendo algo que ninguém mais estava vendo no Monte Lucem. Quando te vi relatando o que estava vendo na montanha à senhorita Luciane, tive certeza de que eu tinha achado o escolhido. Corri pra minha cabana, falsifiquei aquela autorização e te libertei da escola, pra você não perder mais tempo nenhum e ir atrás da ovelha que você está vendo e seguir o seu destino! Vamos pequeno Lucius, vá, suba o monte e cumpra a profecia. Eu me comprazo em você. Vá agora!

    Eu, totalmente perplexo com aquela história, atônito ao perceber que tudo tinha muita coerência e que tudo agora fazia sentido, percebi que mesmo em minha ignorância eu tinha sido mesmo escolhido, já que realmente só eu via a ovelha e ainda tinha a bênção e a confirmação do Sr. Benedictus, o homem mais respeitado (e ao mesmo tempo zoado) da Aldeia.  Resolvi ir correndo para a montanha e cumprir o meu destino! Como eu estava feliz, e minhas forças apoderaram-se totalmente de mim naquele instante. Antes de começar a difícil escalada do Monte Lucem, disse ao Sr. Benedictus:

- Muito obrigado, Oh grande guardião da profecia suprema! Estarei feliz em lhe conceder muita graça logo depois que me tornar o maior sábio do mundo ao entrar na casa da montanha.

Ele agradeceu emocionado e me abraçou dizendo; 

- Tenho anos e anos de sono acumulado, mas ainda posso esperar pra ver o menino Lucius descer do monte transformado no grande sábio libertador da Terra do império da ignorância!

 As palavras maravilhosas do velho Benedictus foram pra mim um poderoso combustível e eu saí em disparada à montanha, olhando firmemente para a ovelha que já estava começando a subi-la e olhar pra mim alternadamente. Comecei a árdua escalada do Monte Lucem. Perseguia a ovelha, que subia a me indicar o caminho. Eu caía, escorregava, me machucava, mas não me importava, pois estava indo em direção à casa que continha o segredo da sabedoria! Eu naquele momento também já pensava no fim iminente de toda zombaria em cima de mim e de meu intelecto. Eles não fariam mais isso com o Grande Sábio Lucius! A ovelha ia me mostrando o caminho passando pelas pedras menos escorregadias e menos íngremes.
    A tarde já ia caindo e logo sobreveio a noite, negra noite. Eu não avistava mais a ovelha há um tempo. Fiquei desolado, com medo e atordoado. A ovelha sumira, eu não a via mais. Foi quando dei mais uns três passos para frente com máximo cuidado, pois não enxergava nada, e vi as luzes da aldeia lá em baixo. Entendi que onde eu estava era possivelmente o cume do monte. Foi quando de repente escutei um “BÉÉÉHHR!!” atrás de mim. Virei-me vagarosamente e vi, uma casinha totalmente iluminada por uma luz incandescente e em cima da casinha a ovelha, agora também iluminada! Eu pensei: “Oh! Que alegria! Encontrei a casa, ela é mesmo verídica!” Fui em direção a ela e a ovelha pulou por cima de mim e no ar transformou-se numa chave que caiu na minha mão. Eu agora, chegando perto da casa, fui envolto pela luz que emanava dela, e minhas vestes foram se transformando em brancas com listras douradas. Eu, cada vez mais estarrecido com aquela coisa fantástica, me dei por mim que era mesmo de fato O Escolhido. Não restava mais nenhuma dúvida! Eu não mais temia toda aquela cena espetacular. Eu guiei a chave que outrora era uma ovelha até a fechadura e escrito em Latim na chave estava; “LUMEN SCIENTIAE PARARI” (coloquei no tradutor do Google e depois ele me disse que isso significa: “Prepara-te para a luz do conhecimento."). Abri a porta da casa e lá dentro havia um altar infinitamente mais iluminado do que a própria casa em si. E em cima desse altar, cujo material não era nem identificável tamanha luminescência extraordinária! E flutuando em cima dele, um envelope de um papel branco reluzente com detalhes em dourado cujo brilho intermitia e fluía caudalosamente. Outros veios de luz saíam dele como se fosse ele o núcleo gerador de luz da casa e de todo o universo!
    Peguei o envelope e meus olhos doíam um pouco, mas, mais luz me envolveu e pareceu dar resistência aos meus olhos. Senti um poder no meu corpo incontrolável! Senti vontade de fazer como num filme desses de Hollywood e abrir os braços e explodir a casa e jogar um feixe de luz infinito no céu que rasgasse quinze galáxias ao meio. Foi o que eu fiz! Agora eu segurava o envelope para o céu que projetava uma luz que parecia cortar todo o universo! Ventos, raios, trovões, pedras da montanha voando em volta de mim! E eu, ante tudo aquilo, abri o envelope e um clarão quase me cegou, e a noite se transformou em dia naquele lugar tamanha luminescência irradiada do bilhete. E estava escrito neste bilhete uma frase transformadora e transcendental que mudou para sempre a história do meu viver! Com caligrafia angelical, no bilhete estava escrito assim;

“VÁ ESTUDAR!”

    

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A felicidade mora ao lado...

A felicidade é um sentimento tão efêmero, ou fomos nós que a transformamos em algo assim?

Ás vezes, me pergunto porque quando temos menos dinheiro somos mais felizes? Na verdade, o problema é e não é o dinheiro. Quando temos uma vida simples me parece que temos menos ambições ou que estas são inalcançáveis e acabamos nos acostumando com o que temos e com quem somos. Então, deixamos de nos preocupar com as coisas fúteis, e nos tornamos livres para viver e ser felizes. Somos cercados de poucas pessoas, mas são aquelas que nos oferecem tudo o que tem, assim somos capazes de perceber o quanto somos amados. Não esperamos nada de ninguém e por isso não criamos expectativas. Conforme mais dinheiro arrecadamos, mais coisas desejamo e queremos. E os sonhos tão inalcançáveis parecem estar tão mais próximos de nossos dedos. Quanto mais temos, mais queremos e assim nunca nos sentimos satisfeitos com o que temos e com quem nós somos e menos felizes nos tornamos.... É por isso, que sempre achamos que o outro é mais abençoado do que nós. Na verdade, temos tudo o que precisamos para ser feliz, só precisamos olhar mais para dentro de nós, para coisas que não somos capazes de tocar e em vez de buscar como felicidade tudo o que se desfaz com o tempo.

Boa Noite. ^^

domingo, 1 de setembro de 2013

sábado, 24 de agosto de 2013

Medos

Do que você tem mais medo? Não digo medo, medo controlável, quero dizer aquele que te paralisa, que parece congelar todo o seu corpo, que te faz deixar de respirar, porque esta te denunciaria, que sufoca a sua voz no garganta... É desse tipo de medo que estou falando.
Tem medos que são tão profundos que nem nós mesmos sabemos que existe até o instante no qual ele está diante de você. Com certeza viveremos tranquilamente até que este dia chegue.
O medo é bastante relativo, pois cada um reagirá de uma forma diferente diante da mesma situação. Quantas vezes as pessoas riram de você, quando lhes confessou um medo que aos seus olhos é apavorante, mas aos deles é ridículo? E quantas vezes não riu do medo deles? Então, me diga do que você tem mais medo?
Eu acho que sempre tive medo da solidão.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Um lar para morar

Tem casas que eu vejo e me dão a impressão de ser tão bela. Não é nada estrutural e eu nem sei explicar direito como fico encantada com algumas delas. Devo confessar que tenho uma tendência por casas antigas, mas eu não sei bem o que é, porque não é a sua aparência. É como se ela tivesse uma história para me contar e eu desejo escutar, mas não é uma história que possa ser dita por palavras, mas sentida. É estranho e ao mesmo tempo tão extraordinário. Porque é a simplicidade o que me atraí e os defeitos tão perfeitos dela. Eu considero algo belo, quando eu olho e acho que falta alguma coisa, mas se acrescentar qualquer pequeno detalhe estragaria a perfeição e já não seria mais belo. A minha concepção de beleza talvez pareça estranha e difícil de entender. Porque é quando você olha para algo ou alguém e diz: "Puxa, está tão simplizinho! Mas está tão perfeito que eu não quero mudar nada."
Bem, em relação à uma casa quando isso acontece, eu desejo viver naquele lugar, imaginar como seria o meu cotidiano ali sem mudar nada. Tomar um cappuccino na varanda enquanto leio um livro, inventar novas receitas, ficar na sala de estar escrevendo uma carta, mexendo no computador, ou sei lá... Eu queria simplesmente habitar aquele lugar e fazer parte da sua história pra um dia também ser contada através de sentimentos à alguém como me foi contada.
Eu penso que somos nós que escolhemos se queremos viver a vida como se ela fosse mágica, porque na verdade ela é, e traz um milagre diário em possibilitar que possamos vivenciar isso. Eu não disse que não teremos de enfrentar alguns monstros e nem que não haveria momentos de desesperança. Só que podemos mudar o nosso destino e abrir as portas que desejarmos...
Lá estou eu, divagando novamente.

sábado, 10 de agosto de 2013

"Diga sim pra mim.." - Isabella Taviani



Hoje decidi falar sobre casamento... Ah, o casamento!! É uma data sempre tão esperada e tão sonhada por tantas pessoas, que até mesmo eu não estou imune à esse sonho.. =]  Mas o que cada um realmente acredita que seja o casamento? Quando as pessoas mencionam que vão se casar, todos logo pensam no vestido branco de noiva, na entrada da noiva na igreja, na cerimônia, na decoração da festa, na lista de casamento, no bolo de sei lá quantos andares, etc... Então, o casamento é somente isso? Um dia e nada mais? Não.
Eu acredito em tantas coisas e confesso que sou sim uma romântica incurável, mas quando eu penso no meu casamento, eu não penso que nada disso seja importante. A beleza do casamento, na verdade, dessa união, não está na cerimônia e nem na festa, em nada disso. A verdadeira união só ocorre quando duas almas que se amam sinceramente anseiam por compartilhar o seu dia com o outro, quando desejam partilhar cada sorriso e dissipar cada lágrima daquele rosto. Além disso, não se pode acreditar que tudo será perfeito que por um amar ao outro seja fácil conviver à dois. É tanto aprendizado!! Temos de aprender a lidar com os sentimentos do outro, a interpretar seus sentimentos, ter paciência e nesse ponto muita paciência (Rsrsrsrsrs), além de aprender a rever quem nós somos. Isso é bastante interessante, não? O outro nos faz rever quem nós somos, rever nossas crenças, rever nossas atitudes, rever até mesmo nossos sonhos... Tem pessoas que acham que o amor acabou só porque pensam diferente... se você esperar alguém que pense como você desista, porque somos todos diferentes. E o casamento é aprender a conviver juntos, independente dessas pequenas discordâncias banais. É aprender a abrir mão de algumas coisas em nome do amor que sentem um pelo outro. Um egoísta jamais irá aprender a viver à dois, porque não sabe partilhar, não sabe o como é bom se doar para outra pessoa. E esses são aqueles que casaram dizendo: "se não der certo, a gente se separa...". Simples assim? Jogar fora um amor, sentimentos, envolvimentos, laços, uma parte de sua vida, uma pessoa tão facilmente, como quem joga fora uma camisa velha que já não lhe serve mais? Percebe-se claramente que estes serão pessoas para sempre solitárias, mesmo que estejam acompanhadas. Bem, pelo que eu penso, nunca devemos começar algo se você pensa que não vai dar certo, isso já uma premissa para o fracasso, seja de um relacionamento ou mesmo um trabalho, um projeto...
Mas casar tem o seu lado bom, como também suas dificuldades, aprendizagens.... Se houver amor, paciência e boa vontade, não há dúvidas de que será duradouro e feliz. Seja feliz da forma que mais combine com você... Case-se na igreja, no cartório, de branco, vermelho, azul, rosa, com festa ou sem festa, mas nunca se esqueça que o mais importante " é ser amado e amado ser em troca", enfim estar ao lado da pessoa que você escolheu... E quando houver tempestades, lembre-se sempre disso, do porquê você a/o escolheu...

^^ Abraços e um bom final de semana para todos.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Solidariedade...

...faça a sua parte.
  Doe  para aqueles que te pedem com o olhar, doe para aqueles que você escuta te chamarem através de seu coração. Doe o que puder doar. Doe um pouco de atenção, tempo, carinho. Doe seus ouvidos para escutar quem sofre, doe o seu sorriso diariamente para todos que encontrar no caminho. Mas nunca deixe de se doar, doar um pouco de você, pois somos o outro e não somente nós mesmos.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Amor?

A beleza está além dos limites do corpo e é lá que se pode se encontrar o amor. O amor não é para aqueles que garipam uma camada superficial, é necessário muito tempo e às vezes muito "trabalho" para encontrar esse diamante  e quando o encontrar ele pode parecer duro e frio, mas ao conseguir retornar com ele à superfície verá que na luz do sol, ele brilhará mostrando todas as cores e tornando o seu caminho brilhante e valioso.
Muitos o cobiçam, porque não o encontram. Então, tentam roubá-lo daqueles que conseguiram, mas logo o venderão e trocarão por dinheiro, porque não são capazes de apreciar a sua beleza.

domingo, 4 de agosto de 2013

Aparências

Outro dia quando estava caminhando por uma rua movimentada, fiquei à observar as pessoas e então, tão de repente  como sempre me ocorre tive um pensamento. Alguns de meus pensamentos são apenas frases que vou desenvolvendo, enquanto tomo o caminho de casa (e como é sempre um longo caminho, tenho muito tempo para pensar). Ao olhar o rosto de pessoas tão humildes, algumas até de certa forma com aquele prótotipo marginalizado pela sociedade, fiquei pensando como seria as suas almas, o que seriam além de suas aparências. Quero dizer, que queria poder ser capaz de apenas com um olhar conhecer seus pensamentos, ser capaz de sentir a energia e a atmosfera que elas criam a sua volta com os seus pensamentos... Ás vezes, sei que esses pensamentos parecem ser tão estranhos. Eu só sei que olho para elas e penso: "Como eles são? Que hábitos tem? Quais são seus pensamentos? Quais são os seus desejos? E os seus sonhos? ... São os mesmos que os meus? São diferentes? Porque? O que os motiva a seguir em frente,  a sobreviver nessa vida?" E na maioria das vezes, eu gostaria de perguntar a cada uma delas sobre todas essas coisas, eu queria entendê-las ( ou ao menos tentar), queria poder ser capaz de reduzir seus sofrimentos... Mas isso são só os meus pensamentos, que sempre me parecem tão bobos e petulantes.

domingo, 14 de julho de 2013

Sensibilidade

Caracterizar a sensibilidade se  tornou uma coisa banal e sem qualquer sentido. Algumas pessoas irão afirmar que uma pessoa sensível é aquela que chora com facilidade, expressa sempre os seus sentimentos de forma aparente. Devo dizer que discordo completamente dessa descrição. Para mim, uma pessoa sensível é aquela que é capaz de perceber o que o outro sente, apenas com um olhar. Uma pessoa sensível não é aquele protótipo de fraqueza que muitos acreditam, na verdade, para ser capaz de suportar viver nesse mundo deve ser ao contrário; muito forte. Compreende com o coração e não com a razão. Sensibilidade está ligado a sentir com a alma e com o coração. A forma como as pessoas expressam suas emoções podem ser tão diversas quanto o são as pessoas e no entanto, essa característica não pode ser  a chave para que alguém diga se uma pessoa é sensível ou não.  Um pessoa sensível tem compaixão dos que sofrem física ou espiritualmente, e a sua sensibilidade em relação à isso pode não ser chorar ou ficar fragilizada, mas sim ajudar quem sofre dentro das suas possibilidades.

Desejo uma excelente semana para todos!!

Abraços,

Verônica. ^^

domingo, 30 de junho de 2013

Eleições

O jogo começou.
É uma nova - velha mesma disputa.
De 4 em 4 anos,
mantemos a fé na vitória
e ansiamos por levantarmos a taça.

Nosso time
tem um bom proveito da posse de bola
mas o adversário
- de acordo com a última pesquisa tem mais votos.

O adversário está alcançando a glória
mas estão ganhando por roubo.
Será que vendaram os nossos olhos?
Os juízes estão cegos por vontade.

Estou perdendo as esperanças.
As faltas 
não passam de farsas.
Nosso ataque não reage e,
eles atravessam a nossa defesa sem qualquer dificuldade.
E nós nem nos movemos!!

Por quê ainda ficamos na reserva?
Por quê não tentamos chutar pro goal?
Por quê todo mundo não vê o que eu vejo?

Todas as regras são favoráveis à eles.
Por quê o bandeirinha só marca impedimento
quando é comigo?
A justiça está morta!!!

É...
...acabou mais um jogo
e eles ganharam de novo.
Daqui à 4 anos,
vou torcer pra ganharmos.
O pior é que eu sei 
que eles vão driblar minha opinião
e nas finais votarei em mais um deles de novo.

domingo, 19 de maio de 2013

O Jabuti

    Cedo, eu diria, pra estar num bar numa noite tão quente. Essa minha gente é mesmo meio doida. Mas não importa a hora. Se é seis e meia da tarde ou três da madruga, a loucura é sempre a mesma. E no Bar do Leônidas tinha gente tão ou mais doida que a minha galera o dia inteiro. Era um estabelecimento que não se enquadrava no estereótipo "lugar badalado da madrugada". As mesmas coisas que se vêem na Lapa depois da meia-noite, se viam lá ao meio-dia. E estávamos nós lá, depois de uma tarde virtuosa de aulas e mais aulas, com o objetivo de relaxar, beber um bocado, falar mal dos outros e contar vantagens. Como de costume, juntamos duas mesas, sem a ajuda de nenhum garçom pois os mesmos estavam sempre ocupados, rejeitando o máximo possível de tarefas que não as de servir de fato, devido ao altíssimo sobrecarregamento de mesas e clientes que tinham que atender. Nesse ponto, o Leônidas, uruguaio de olhos vermelhos, cabelos brancos e bigode farto era cruel com eles, apesar de ser muito bondoso e até meio bobo enquanto patrão. Mas ele limitava-se a ficar fazendo graça com todo e qualquer acontecimento no seu bar, quando muito, atendendo algum vendedor enquanto ficava no caixa. 
    Estávamos sentados fazia uns cinco minutos e ninguém falava muita coisa, só alguma coisa da aula, ou apontando os excessos de outro grupo que estava no bar. Até que Jairo resolveu tentar quebrar o gelo e falar: 
   - Gente, a Lucinda, nossa professora de filosofia, diz que tem trinta e cinco anos, mas ela não me engana não! Com aquelas rugas maracujentas e aquela pelanca do braço na hora do tchau, ela deve ser mais velha que o jabuti de Darwin!
Jairo era do tipo que falava coisas hilárias sem contexto algum. Um verdadeiro cômico. Inoportuno, mas não deixava de o ser. Todos riram do comentário de Jairo e confirmaram a hipótese. Manuela disse:
   - Ela foi quem descobriu o jabuti e comunicou Darwin!
Mariano falou:
   - Ela morava em Galápagos na época há muito tempo já! HAHAHAHA
Mariano era sempre o que mais ria. Tinha aquele riso fácil e caudaloso, mais engraçado que qualquer coisa engraçada. Sempre achei que pessoas assim se dão melhor na vida. Por isso eu apostava que dentre nós, do clube dos universitários descompenetrados, ele seria o mais bem-sucedido. Ele ria, mas ao mesmo tempo me fitava, interrompia rapidamente a graça e voltava a rir exageradamente, tremendo o corpo inteiro, dando tapas na mesa e babando. Mas ele parou com os excessos, e apesar de ainda estar com expressão de graça no rosto, me perguntou: 
   - Que foi Ronaldo? rsrsrsrs (ria-se um pouco ainda) porque tá sério?!
Eu, de fato estava sério, por um motivo; não sabia o que era um jabuti. Estava vendo todos rirem, com o comentário de Jairo, mas, como rir?! Eu não fazia idéia do que era um jabuti! E aí então, eu resolvi perguntar inocentemente:
   - Galera, o que é um "jabuti"?
Um silêncio estranho formou-se entre eles. E eu, me dando conta de que ia ser zoado, já estava num curtíssimo espaço de tempo/compreensão me sentindo desconfortável. Foi aí que de repente, puxados por Mariano, todos deram uma gargalhada que aparentava ter sido ensaiada por vinte anos todos os dias, só pra ser dada ali naquele momento. Eu fiquei olhando pra todos, sem entender o motivo da graça, me esforçando pra levar na esportiva  também. Quando, depois de uns quarenta segundos, diminuiu-se um pouco a risalhada, eu olhei pra Mariano e falei:
   - Mas cara, é sério. O que é um Jabuti? Me diz aí você Mariano!
Mariano falou:
   - Cara, um jabuti é uma planta carnívora natural da Antártida, muito usada como afrodisíaco por aí.
Eu falei na mais pura inocência:
   - Então Darwin tinha essa linha de pesquisas sexuais?
Todos riram mais ainda. Jairo disse:
   - É mentira do Mariano Ronaldo. hahahaha (meio rindo, meio sério) Um jabuti é uma fruta muito gostosa que inclusive tem um pé na casa da minha vó.
Manuela falou:
É verdade Ronaldo! Você nunca comeu doce de jabuti não?
Respondi:
   -Eu não. (virei-me pra Jairo) Po! Se eu pedir sua vó ela faz um pouco de doce de jabuti pra mim?
E mais uma vez todos riram, até não se aguentarem, e eu percebi que nem de longe um jabuti era uma fruta. Eu levantei enraivecido, e bradei eloquentemente aos meus colegas:
   - Será que é tão difícil alguém me dizer SEM sacanagem, o que é um jabuti?
Todos do bar me olharam essa hora, eu fiquei com vergonha, e sentei de novo, pedindo desculpas de maneira caricata à todos, e depois encurvando a cabeça. Todos riram, um pouco menos veementemente do que meus amigos e Manuela falou-me "amigavelmente":
   - Porque você não vai perguntar ao Leônidas? Ele saberá te dizer o que é um jabuti.
Eu estava indignado com o fato de meus amigos não terem me levado à sério. Poderia ficar ali apresentando essa minha queixa pra eles, mas a dúvida que ainda persistia, era tão mais forte que isso, que eu resolvi ir lá perguntar ao descontraído Leônidas que farreava com uma representante comercial de bebidas, "o que" de fato era um jabuti. 
    Cheguei um pouco tímido. Percebi que eles falavam um assunto nada importante, pedi licença, e falei:
   - Seu Leônidas, por gentileza, o senhor poderia me dizer o que é um jabuti? 
Ele olhou para a vendedora com o mesmo olhar de espanto que meus colegas, quando os perguntei a primeira vez. Meus colegas observavam de longe, cochichavam e riam olhando pra mim. Não liguei, pois sabia que Seu Leônidas era gente boníssima e não ia me sacanear. Daí ele disse com seu sotaque hispânico já gasto pelos anos de influência brasileira:
   - Garoto, uno jabuti és quando alguien lhe pede pra butar algo en determinado lugar, so que você já butou. Aí usted diz; "jabuti!"
O velho Leônidas e a vendedora riram tanto disso, em tom de tamanha chocarrice, que eu não tive outra reação a não ser a de abaixar a cabeça. E sem que eu percebesse, todos do bar haviam prestado atenção no meu diálogo com Leônidas e a vendedora e todos riam de mim também. Era o fim da picada! Todos riam do jabuti e eu queria achar graça também. Mas todos achavam mais graça ainda do fato de eu não saber o que era um jabuti e parece que queriam me conservar na ignorância somente pra me terem como objeto de graça. Isso era inaceitável! Eu resolvi, sem dar tchau a ninguém, ir embora, e sem pagar minha parte! Eles que pagassem. Estavam me achincalhando. 
    Estava triste por tudo aquilo, mas a dúvida ainda era maior do que a tristeza. E de repente, somado à isto, me sobreveio uma ansiedade muito grande. Eu imaginava mais ou menos o que era um jabuti. Pensei que pudesse ser uma árvore, um veículo de transporte, uma ferramenta de mão ou até mesmo um dinossauro pré-histórico. Meu ser sorria quando eu imaginava o momento que eu descobriria o que era na verdade um jabuti. Resolvi consultar um dicionário online, usando a internet do celular. Estava num bom lugar, o sinal era forte e não foi difícil pesquisar. Logo apareceu o link que salvaria meu dia! Quando eu toquei na tela, e começou a carregar, me apareceu um danado de um trombadinha e me levou o celular, e saiu correndo numa velocidade tão grande, que não deu tempo nem de processar direito o fato ocorrido. Quando me dei realmente conta de que tinha sido roubado, o meliante já estava muito longe e totalmente camuflado na selva de pedra. Naquele momento eu percebi uma coisa; A ignorância é uma bênção pra alguns. Tentar procurar o conhecimento, em determinados casos só nos traz azar. Realmente, eu não poderia ter acesso a essa informação. E então, num dia mal, sozinho na rua, resolvi parar com minha busca e aceitar o fato de que eu nunca poderia saber o que era um jabuti. E caminhando pra casa, desolado, com o olhar vago, passando por um descampado meio recantado que ficava próximo à minha residência, pisei sem querer n'algumas pedras. Foi neste momento que escutei um:
   -Ai!
Eu dei mais uns três passos levantando as sobrancelhas e parei. Virei a cabeça vagarosamente pra trás e olhei pras pedras em que eu tinha pisado. Uma delas estava se mexendo. E de repente projetou pra fora de uma cavidade duas perninhas e uma cabeça comprida e me disse:
   - Ronaldo! Sua busca termina aqui! Eu bem sei que você está há bastante tempo querendo saber o que é um jabuti. Todos caçoaram de você e não te levaram a sério. Você foi roubado, perdeu seu celular caro por conta da sua dúvida, e eis que o esclarecimento está sobre a sua frente. Eu não sou uma pedra falante, sou um jabuti! Um réptil da ordem dos quelônios. Um animal muito agradável pra se ter em casa, e infelizmente muito apreciado como prato típico no interior do Brasil. E então, se sente melhor agora que sabe o que é um jabuti?
Era bem verdade que aquele tinha sido o fato mais estranho do meu dia. Depois de ter sido esculachado pelos meus colegas da faculdade, pelo dono do bar que eu frequentava e ter sido roubado, aquilo realmente não me parecia ser boa coisa. Resolvi me libertar da ingenuidade e falar praquele ser cascudo que carregava a própria casa nas costas:
   - Cala a boca seu animal inútil! Eu posso ser zoado pelos meus colegas, pelo dono do bar, pela vendedora e pelo ladrão que provavelmente deve ter deduzido que o dono do celular não sabia o que era um jabuti. Agora, ser zoado mais uma vez, no fim do dia, por você não! Posso ser burro, mas não sou idiota. Prefiro permanecer minha vida inteira sem saber o que é um jabuti do que acreditar numa lorota contada por uma tartaruga!



   

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Pra que tanta ganância Juvenal?

    Eram cinco e meia da manhã. Meus olhos desturvavam-se vagarosamente e eu sacudia a cabeça para acelerar o processo. Estava indo pro trabalho, já conformado com o iminente atraso, baseado nos cálculos em função do caótico trânsito moderno. O ônibus tinha dado um solavanco tão forte, que tirara minha disposição pra dormir. Parece que ficou no buraco meu torpor, esmagado pelas grandes rodas traseiras.
    Do banco de trás era possível ver todas as pessoas do ônibus. Eram as mesmas, praticamente as mesmas, todos os dias. Até o motorista era o mesmo. Na parte de trás - onde eu sempre sentava -  sentavam-se aqueles que buscavam dormir, refugiando-se nos assentos ao lado das janelas, buscando o amparo da lataria do ônibus fingindo um coma para fugirem da incumbência de terem de ceder o lugar pra alguma dama, ou velhinho que aparecesse. É bem verdade que as pessoas fogem disso. Nos bancos do meio ficavam os que estavam mais descansados. Quase nunca estavam dormindo, a não ser um garotinho pequeno que pegava o ônibus sozinho com roupa de colégio e viajava cinquenta quilômetros pra sua escola na capital - me parecia que o rapaz era prodigioso, pois seu uniforme era dessas escolas federais que tem que fazer exame pra entrar -. O pobrezinho tinha um ronco tão agudo que dava pena de ver tão prostrada uma criança tão nova. Lá na frente, nos bancos preferenciais, ficavam três velhinhos animados que conversavam quase sempre sobre os males governamentais, sobre times de futebol locais e sobre a demora da viagem. Quase sempre ultrapassavam a barreira do politicamente correto e xingavam o pobre motorista que buscava, apesar de tudo, fazer a viagem no menor tempo possível e era até muito heróico em sua direção (só para os passageiros), quando a demora estava insuportável, ele inventava manobras que pareciam fazer o busão sobrevoar por cima dos carros e planar naquele céu de ferro e manta asfáltica; E nos outros bancos dali da frente, ficavam um grupo de pessoas que saltavam todo dia no mesmíssimo lugar: Um ponto antes do final, que era o ponto que eu saltava, sozinho. Sempre era o último a descer do ônibus, pois, raramente alguém saltava junto comigo no ponto final.
     Uma dessas pessoas, que sentavam lá na frente era o Juvenal. Sabia o seu nome pois ele conversava com os velhinhos, muito animosamente, quase sempre bradando bordões ou sacaneando algum deles que dizia rindo-se: "Ah Juvenal! A viagem com você é muito mais divertida!", "Só você mesmo pra falar isso Juvenal!". Ele fazia quase um stand up comedy no ônibus. Até os passageiros mais tímidos não furtavam-se à dar boas gargalhadas com ele. E comigo não era diferente. As pessoas de lá da frente eram em parte incomodadas (os pouquíssimos que queriam dormir), em parte agraciadas com a presença daquela grande figura; um sujeito muito interessante com nome e jeito de papagaio.Juvenal era um sujeito ativo, espaçoso. Mesmo se o ônibus estivesse lotado, ele liberava em volta de si pelo menos um metro quadrado para suas gesticulações e encenações.
    Quando chegava a hora do grupo da frente saltar, era sempre Juvenal que puxava o sinal. Sempre! Ninguém se importava pois sabiam que Juvenal iria puxar seguido de um: "Próximo aê motor, que o patrão já tá cansado de esperar! hahaha" E todos eles saltavam no mesmo ponto. Esse era o ritual pitoresco que eu presenciava. Só que naquele dia, Juvenal saltou um ponto antes do habitual, se despedindo do grupo da frente que ficou surpreso, e de todas as pessoas do ônibus que prestavam sempre atenção nele; explicando que estava saltando ali porque tinha mudado de emprego, iria começar numa outra firma que ficava a dois quarteirões antes do ponto em que ele saltava todo dia com o grupo da frente. Sua justificativa era que queria ganhar mais dinheiro pois não se sentia valorizado na empresa que o tinha admitido já 15 anos como porteiro. Todos disseram; "Que legal Juvenal!", "Parabéns cara, você merece.", "Agora então quem paga a cerveja é o Juvenal gente!" Quando Juvenal desceu, rindo e acenando pra todos, um silêncio tremendamente estranho tomou conta do ônibus. Parecia que ninguém ali se comunicava se Juvenal não estivesse presente. Era estranha demais aquela cena e ao mesmo tempo muito apreciável. As mesmas pessoas que se viam todos os dias, se conheciam até mesmo por nome, não conseguiam conversar uns com os outros, se um fator mediador não estivesse ali; E esse fator era o grande comediante e animador de coletivos por nome papagaiesco de "Juvenal". Ele era um dos motores do ônibus; o da comunicação. E neste aspecto, o ônibus, apesar de movendo-se, estava parado. 
     Aproximava-se o ponto em que todo o grupo da frente descia. À essa altura, só eu e eles estávamos dentro do ônibus, como de costume. Eu perguntei aos meus botões: "E agora?! Quem vai puxar o sinal? hoje não tem Juvenal!" (por um momento orgulhei-me dessa rima até a constatação de sua absoluta pobreza). Eles ficaram se entreolhando, mesmo sabendo que o ponto em que saltavam estava se aproximando cada vez mais, ficaram totalmente alheios, apáticos. Eles se fitavam, esperando uns pelos outros e imóveis viram o ponto chegar e o ônibus não parou pois NENHUM deles puxou o sinal. Posso dizer que eram como se fossem expectadores observadores da própria tragédia. Era visível o descontentamento e aflição, mas eles não conseguiam se expressar, nem agir. Pois Juvenal não estava ali. Eu observava tudo aquilo. Uns dois ou três, até se levantaram e olharam para o ponto que agora era passado e fizeram uma cara quase nostálgica. Nisso, o motorista olhava por cima do óculos pelo espelho retrovisor e ria-se discretamente, parecendo até querer "ver n'aonde aquilo ia dar", e se algum deles viesse reclamar ele já esboçava dizer: "Meu amigo, eu não tenho bola de cristal não, vai que vocês estavam querendo realmente saltar no próximo?" Mas nenhum deles iria lá reivindicar isso. A mudez pós-juvenálica era famigerada. Agora eles teriam de saltar no ponto final, que era na rodoviária da cidade. Não tinha outro jeito, teriam que andar um bocado. 
    Antes da rodoviária, há poucos metros, havia um cruzamento. O sinal estava vermelho. Eu ia descer normalmente na rodoviária propriamente dita como religiosamente eu fazia todos os dias, mas, dali avistei ao lado do ônibus um conhecido do trabalho. Resolvi antecipar minha descida pedindo gentilmente ao motorista pra saltar ali mesmo, pra ir ao encontro do colega e irmos juntos até a firma, aproveitando que o ônibus estava na pista ao lado da calçada. Ele prontamente abriu a porta. Eu dei uma última olhada praqueles homens frustrados, todos chateados porque teriam que saltar um ponto depois do habitual, consequência de sua própria inebriez e desci do ônibus rindo comigo mesmo, já esboçando como contar a história em qualquer ocasião daquele dia. Foi então que, quando o sinal ficou verde, o ônibus avançou, e na pista contrária, um caminhão em alta velocidade surgiu desgovernando-se de uma hora pra outra, batendo em cheio no ônibus, não dando chance ao motorista. A batida foi tão forte, e jorrava tão caudalosamente o combustível que incendiou o grande carro e em poucos instantes formou-se um cogumelo de fogo no céu. E todos os que estavam lá dentro, de lá não saíram tão cedo. Outros carros somaram-se ao desastre formando um grande engavetamento. E eu, trêmulo, estagnado, não me importando com um estilhaço da carroceria que bateu na minha cabeça, pensei: "Pra que tanta ganância Juvenal?".

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Retratação

Permita-me, em tom amigável, e que me confere a amizade de longa data, com a colega Verônica, extremamente cara à mim, lhe comunicar que, projeto novas postagens. Concordo com ela, quando ela ensaia sobre a importância deste espaço como válvula nossa de escape. Peço perdão pela inconstância, estive envolvido em coisas mil, eu deveria trilhar com mais frequência o caminho da conciliação e do equilíbrio. Eu não declarei o fim deste blog, e não o pretendo fazer (perdoe-me pela ousadia). Quero reprojetar os conteúdos e integrar as postagens. Emfim, desejo continuar lançando nossas "mensagens na garrafa" deste mar. Podemos estar entretendo náufragos, ou mesmo, tornando menos penosa a viagem de velejadores obstinados. Não importa. O importante é dizer... enunciar.. comunicar.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Suposições

Quando iniciei à escrever neste blog, acreditei sinceramente que este poderia ser um ótimo espaço para discussões, para debates de diversos assuntos. Porém, com o tempo fui percebendo que nunca havia nenhum comentário em nenhuma das postagens, além de pouquíssimas postagens de meus próprios companheiros. Então, a cada postagem fui perdendo o ânimo para escrever novos pensamentos, poesias ou conjecturas e desisti de publicar as que já tinha como rascunho.
Provavelmente esse seja o final do blog para mim, pois não escrevo para mim. Escrevo para compartilhar, para tentar entender o mundo pelos olhos de outras pessoas, aprender a enxergar novos ângulos, novas versões e poder dividi-las com quem estiver interessado. Não faz sentido continuar à escrever e esperar o eco responder.

Bem, fico triste por essa ser minha última postagem, mas não há mais o que fazer. Pois, cartas são escritas para alguém, para um destinatário qualquer, desconhecido ou conhecido, não importa, porque o importante é que chegue ao coração de alguém.

Abraços.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Batalhas da vida

  E tem hora que a gente cansa... Cansa de lutar essas batalhas diárias. Mas amanhã a minha alma vai se levantar novamente e continuar a lutar. O que fazer com essas almas que não se rendem?  Que lutam até os limites das forças do corpo? Tudo para continuar lutando, lutando por essa maldita sobrevivência...

domingo, 27 de janeiro de 2013

O tempo

  Quanto tempo não escrevo? Muito. Talvez eu ande meio sem tempo. Porque o tempo escorre por nossas mãos? Como e quando começamos a perceber que isso está acontecendo? Não sentimos o tempo escorrer por elas, e é como se vazasse parte de nós, quem nós somos ou um dia quem queríamos ser.  Só sentimos que isso está acontecendo a partir do momento  que queremos fazer algo que fazíamos habitualmente em outro tempo ou que nos faz falta.
  Olhei para a linha de tempo que escorria das minhas mãos formando uma fenda temporal onde eu era capaz de vislumbrar o momento que deixei de fazer as coisas que eu gostava, porque meu olhar estava o tempo todo detido para além dela, talvez até dentro dela, sem ser capaz de defini-la, de notar seus contornos e até a sua presença.
  Então, descobri que só havia uma forma de fazer o tempo parar... Era viver, sem olhar para o tempo que escorre por entre nossas mãos...

Abraços para todos aqueles que nos acompanham. ^^

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Insanidade humana

A corrupção
é um crime tão banal
 que parece natural.
Mas continua 
a gritar, pedir e reclamar
por justiça.

Nosso país tem rumo.
Lutamos pela nossa sobrevivência e,
pedimos por mais transparência.

Nosso país tem futuro.
Mas o governo continua nos tratando
como um detrito inútil.
Malditos!!!
É tudo o que você tem vontade de dizer.
Mentiras!!
É tudo o que eles dizem pra você.

Quem ainda acredita em políticos?
Quem ainda perde tempo 
assistindo  o que eles dizem na TV?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Quem nós somos?

O que você responderia se alguém te perguntasse: "Quem é você?" ? Diria apenas o seu nome? Ou será que diria sua profissão? Ou, então, diria o seu lugar?  Será que isso é apenas o que nos representa? Somos apenas um nome, um lugar ou o que nos ocupamos? Mas com o quê você se ocupa de verdade? Quais pensamentos ocupam mais tempo na sua mente? E isso definiria quem nós somos? Penso que somos aquilo que cultivamos nesse jardim chamado mente. Se eu dissesse os livros que eu leio, os filmes que eu vejo, as músicas que eu escuto, você me conheceria? Saberia me dizer quem eu sou? Porque são aí que estão os meus sentimentos,  são daí que vem os meus pensamentos... Esses pensamentos confusos que surgem ligeiramente como nuvem  e que se espalham por esse jardim, onde suas sementes vem desses livros que cultivo, desses filmes nos quais eu busco respostas, informação ou uma ideia em comum que já se encontra nesse jardim. E este tipo de coisas, poderia lhe dizer quem você é? Mas que ideias são resistentes nesse jardim? Que ervas daninhas temos que arrancar? Que flores resistem ao tempo, as tempestades? Que sementes você planta? Quem nós somos?

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Sonhos

A porta se abre.
Eu não ouço os seus passos.
Aonde você estará?

Que olhos são esses?
São azuis, castanhos ou verdes?
Que olhos são esses
que me atraem
feito presa pro banquete?

Olhos transparentes
Olhos gentis
Olhos que me guiam
por tramas de ilusões,
sonhos, emoções.

Outro sorriso que se abre
e você não está lá.